domingo, 23 de agosto de 2009

IX – Endocrinologia e Reprodução

1 – Introdução à Endocrinologia. Os Hormônios Hipofisários.
As funções corporais são reguladas por dois sistemas principais: o
sistema nervoso e o sistema hormonal ou endócrino. O sistema hormonal está
envolvido com o controle das funções metabólicas. Existem muitas interrelações
entre os sistemas hormonal e nervoso. Pelo menos duas glândulas,
por exemplo, as medulas supra-renais e a hipófise posterior, só secretam
seus hormônios em resposta a estímulos nervosos e os hormônios da hipófise
anterior em sua maioria só são secretados em resposta à ocorrência de atividade
nervosa e neuroendócrina no hipotálamo.
Um hormônio é uma substância química secretada nos líquidos internos
do corpo por uma célula ou por um grupo de células e que exerce efeito fisiológico
de controle sobre outras células do corpo. Os hormônios são divididos
em locais e gerais. São exemplos de hormônios locais a acetilcolina,
liberada nas terminações nervosas parassimpáticas e esqueléticas; a secretina,
liberada pela parede duodenal e levada pelo sangue até o pâncreas,
estimulando a produção de uma secreção pancreática aquosa e alcalina; e a
colecistocinina, que, liberada no intestino delgado, causa a contração da
vesícula biliar e promove a secreção de enzimas pelo pâncreas.
Os hormônios gerais são secretados por glândulas endócrinas específicas
localizadas em diferentes pontos do corpo. Esses hormônios são secretados
para o sangue, causando ações fisiológicas em tecidos distantes.
Hormônios da Hipófise Anterior
1.O hormônio do crescimento causa o crescimento de quase todas as celulas
e tecidos do corpo.
2.A corticotropina faz com que o córtex supra-renal secrete os hormônios
córtico-supra-renais.
3.O hormônio estimulador da tireóide faz a glândula tireóide secretar
tiroxina e triiodotironina.
4.O hormônio folículo-estimulante determina o crescimento dos folículos
nos ovários antes da ovulação; também promove a formação dos espermatozóides
nos testículos.
5.O hormônio luteinizante contribui significativamente para causar a
ovulação; também promove a secreção de hormônios sexuais femininos pelos
ovários e da testosterona pelos testículos.
6.A prolactina promove o desenvolvimento das mamas e a secreção do
leite.
Hormônios da Hipófise Posterior
1.O hormônio antidiurético (vasopressina) faz os rins reterem água;
em concentrações mais elevadas, também causa constrição dos vasos sanguíneos
em todo o corpo e eleva a pressão sanguínea
2.A ocitocina contrai o útero durante o processo do parto; também
produz contração das células mioepiteliais das mamas, assim espremendo o
leite das glândulas mamárias quando o bebê suga.
Hormônios do Córtex Supra-Renal
1.O cortisol exerce múltiplas funções no controle do metabolismo de
proteínas, carboidratos e lipídios.
2.A aldosterona reduz a excreção de sódio pelos rins e aumenta a excreção
de potássio
Hormônios da Glândula Tireóide
1.A tiroxina e a triiodotironina aumentam a velocidade das reações
químicas em quase todas as células do corpo, aumentando assim o nível geral
do metabolismo corporal.
2.A calcitonina promove a deposição de cálcio nos ossos, diminuindo
assim a concentração de cálcio no líquido extracelular.
Hormônios das Ilhotas de Langerhans do Pâncreas
1.A insulina promove a entrada de glicose na maioria das células corporais
2.O glucagon aumenta a liberação de glicose do fígado para os líquidos
corporais.
Hormônios dos Ovários
1.Os estrogênios estimulam o desenvolvimento dos órgãos sexuais femininos,
das mamas e de diversas características sexuais secundárias.
2.A progesterona estimula a secreção do “leite uterino” pelas glândulas
do endométrio uterino; também ajuda a promover o desenvolvimento do
aparelho secretor das mamas.
Hormônios dos Testículos
1.A testosterona estimula o crescimento dos órgãos sexuais masculinos;
também promove o desenvolvimento das características sexuais secundárias
masculinas.
Hormônio da Glândula Paratireóide
1.O paratormônio regula a concentração do íons cálcio no corpo controlando
a absorção de cálcio pelo tubo digestivo, a excreção de cálcio pelos
rins e a liberação de cálcio dos ossos.
Hormônios Placentários
1.A gonadotrofina coriônica humana promove o crescimento do corpo lúteo
e a secreção de estrogênios e de progesterona pelo corpo lúteo.
2.Os estrogênios promovem o cresciemento dos órgãos sexuais da mãe e
de alguns dos tecidos do feto.
3.A progesterona promove o desenvolvimento especial do endométrio
uterino antes da implantação do óvulo fertilizado
Mecanismos da Ação Hormonal
Quase invariavelmente os hormônios combinam-se, de início, com receptores
hormonais localizados na superfície da membrana celular ou no interior
das células desencadeando uma cascata de reações.
A maioria dos hormônios está presente no sangue em quantidades extremamente
pequenas. Por essa razão, exceto em alguns casos, é praticamente
impossível medir essas concentrações pelos meios químicos habituais. Entretanto,
existe um método extremamente sensível que revolucionou a dosagem
dos hormônios. Tal método é o radioimunoensaio.
O sistema porta-hipofisário é constituído por pequenos vasos comuns
ao hipotálamo inferior e à hipófise anterior, unidos através do infundíbulo.
Neurônios especiais, situados no hipotálamo, sintetizam e secretam os
hormônios hipotalâmicos liberadores e inibidores. A função desses hormônios
é a de controlar a secreção dos hormônios da hipófise anterior.
A hipófise posterior não secreta hormônios, ela armazena os hormônios
que são transportados do hipotálamo através do tracto hipotálamohipofisário.
O ADH é formado principalmente nos núcleos supra-ópticos, enquanto
a ocitocina é formada principalmente nos núcleos paraventriculares.
2 – Os Hormônios Metabólicos da Tireóide
A glândula tireóide secreta grande quantidade de dois hormônios, a
tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), que exercem profundo efeito sobre o
metabolismo corporal. As funções desses hormônios são qualitativamente
idênticas, porém diferem quanto à rapidez e a intensidade de ação. A glândula
tireóide é composta de grande número de folículos fechados, preenchidos
por uma substância secretora denominada colóide e revestidos por células
epitelióides cubóides que lançam suas secreções no interior dos folículos.
Os hormônios da tireóide são então absorvidos pelo sangue e transportados
às outras partes do organismo para realizar sua função. Para que seja
formada a quantidade normal de tiroxina e triiodotironina, têm que ser ingeridos
cerca de 50 mg de iodo a cada ano, aproximadamente 1 mg por semana.
O efeito geral do hormônio da tireóide é o de causar, por atacado, a transcrição
nuclear de grande número de genes. Como consequência, em virtualmente
todas as células corporais ocorre aumento de grande número de enzimas
protéicas, proteínas estruturais, proteínas transportadoras e outras substâncias.
O resultado final disso tudo é um aumento generalizado da atividade
funcional em todo o corpo. A regulação da secreção do hormônio da tireóide
é feita através do hormônio tíreo-estimulante (TSH), também conhecido como
tireotropina, produzido pela hipófise anterior. A secreção de TSH é regulada
pelo hormônio liberador de tireotropina (TRH), produzido pelo hipotálamo.
As principais doenças da tireóide são o hipertireoidismo e o hipotireoidismo.
No hipertireoidismo, são encontrados no sangue dos pacientes anticorpos
com ações semelhantes às do TSH. Esses anticorpos se ligam aos mesmos
receptores aos quais o TSH se fixa, de modo que isso provoca uma continuada
ativação das células.
Os anticorpos causadores do hipertireoidismo se formam quase certamente
em consequência de auto-imunidadedesenvolvida contra o tecido da tireóide.
Assim, ao contrário do que se poderia esperar, demonstrou-se através
de radioimunoensaio que as concentrações plasmáticas de TSH estão abaixo
do normal no hipertireoidismo. Os efeitos do hipotireoidismo são geralmente
opostos aos do hipertireoidismo. Uma das principais características
do hipotireoidismo é o bócio endêmico.
O mecanismo do desenvolvimento dos grandes bócios endêmicos é o seguinte:
A falta do iodo impede a produção do hormônio da tireóide por essa
glândula; como consequência, não há hormônio disponível para inibir a produção
de TSH pela hipófise anterior através do mecanismo de feedback, o que
possibilita à hipófise secretar quantidade excessivamente grande de TSH.
Este, então, faz as células da tireóide secretarem quantidade enorme de tireoglobulina
(colóide) para o interior dos folículos, e a glândula fica
cada vez maior.
3 – Os Hormônios Córtico-Supra-Renais
A glândula supra-renal divide-se em medula supra-renal e córtex supra-
renal. A medula supra-renal secreta os hormônios epinefrina e norepinefrina
em resposta à estimulação simpática. Esses hormônios causam praticamente
os mesmos efeitos que a estimulação direta dos nervos simpáticos em
todas as partes do corpo. O córtex supra-renal secreta um grupo totalmente
diferente de hormônios, denominados corticosteróides.
Os dois tipos principais de corticosteróides são os mineralocorticóides
e os glicocorticóides. Os mineralocorticóides afetam especialmente os
eletrólitos dos líquidos extracelulares – particularmente o sódio e o potássio.
Os glicocorticóides, por sua vez, aumentam a concentração sanguínea
de glicose. Contudo, eles exercem efeitos adicionais sobre o metabolismo
das proteínas e dos lipídios. Os esteróides de maior importância para a
função endócrina do corpo humano são a aldosterona, que é o principal mineralocorticóide,
e o cortisol ou hidrocortisona, que é o principal glicocorticóide.
A função sem dúvida mais importante da aldosterona é a de promover o
transporte de sódio e potássio através das paredes dos túbulos renais e, em
menor grau, o transporte de hidrogênio. Os principais efeitos do cortisol
sobre o metabolismo dos carboidratos são a estimulação da gliconeogênese
hepática (formação de glicose a partir das proteínas e de algumas outras
substâncias), a diminuição da utilização de glicose pelas células e a elevação
da concentração sanguínea de glicose.
O cortisol possui efeitos antiinflamatórios agindo sobre a enzima
fosfolipase A2, importante para a formação do ácido araquidônico. Alguns
tipos de estresse aumentam a liberação de cortisol como os traumas, infecção
e cirurgias. A secreção de aldosterona pelo córtex supra-renal é controlada
principalmente pela ação direta do potássio e da angiotensina sobre
as células córtico-supra-renais.
A regulação da secreção de cortisol é feita pelo hormônio corticotrópico
(ACTH) produzido pela hipófise anterior. A secreção de ACTH, por sua
vez, é controlada pelo hormônio liberador da corticotropina produzido pelo
hipotálamo. O cortisol tem efeitos diretos de feedback negativo sobre o hipotálamo
diminuindo a formação do hormônio liberador de corticotropina e
sobre a hipófise anterior diminuindo a formação de ACTH. O hipocorticalismo
provoca a Doença de Addison ocasionada por atrofia dos córtices suprarenais
decorrente provavelmente de auto-imunidade aos córtices e o hipercorticalismo
provoca a doença de Cushing, consequente a um tumor secretor
de cortisol em um córtex supra-renal.
4 – Insulina, Glucagon e Diabetes Melito
Além das funções digestivas, o pâncreas secreta dois hormônios importantes,
a insulina e o glucagon. O pâncreas é composto por dois tipos principais
de estruturas: os ácinos, que secretam sucos digestivos para o duodeno
e as ilhotas de Langerhans, que secretam insulina e glucagon diretamente
para o sangue. As ilhotas de Langerhans do ser humano contém três tipos
principais de células, alfa, beta e delta.
As células beta secretam insulina, as células alfa secretam glucagon
e as células delta secretam somatostatina, cujas funções mais importantes
não foram totalmente esclarecidas. A função básica da insulina é a ativação
dos receptores das células-alvo e os consequentes efeitos celulares. O
principal efeito celular da insulina é o de tornar as membranas celulares
altamente permeáveis à glicose.
Imediatamente após uma refeição rica em carboidratos, a glicose que é
absorvida pelo sangue causa uma rápida secreção de insulina. Esta, por sua
vez, promove a captação, o armazenamento e a rápida utilização da glicose
por quase todos os tecidos corporais, mas especialmente pelos músculos,
pelo tecido adiposo e pelo fígado.
Quando os músculos não estão sendo exercitados durante o período subsequente
a uma refeição e ainda assim a glicose está sendo transportada em
abundância para as células musculares, a maior parte da glicose é armazenada
sob a forma de glicogênio muscular que pode ser utilizado posteriormente
para fins energéticos. De todos os efeitos da insulina, um dos mais importantes
é fazer com que a maior parte da glicose absorvida após uma refeição
seja quase imediatamente armazenada no fígado, sob a forma de glicogênio.
Assim, o fígado remove glicose do sangue quando ela está presente em
excesso após uma refeição e a devolve ao sangue quando sua concentração
sanguínea cai entre as refeições. O cérebro é muito diferente da maioria
dos outros tecidos do corpo, na medida em que nele a insulina exerce pouco
ou nenhum efeito sobre a captação ou a utilização da glicose. Em vez disso,
as células cerebrais são permeáveis à glicose e podem utilizá-la sem a intermediação
da insulina. As células cerebrais também são muito diferentes
da maioria das outras células do corpo, na medida em que normalmente utilizam
apenas glicose para fins energéticos.
Por esta razão, é essencial que o nível sanguíneo de glicose seja
sempre mantido acima de um nível crítico. Quando a glicemia efetivamente
cai em demasia, ocorrem sintomas de choque hipoglicêmico, caracterizado por
irritabilidade nervosa progressiva que leva a desfalecimento, convulsões e
mesmo coma. Todos os aspectos da degradação e utilização da gordura para
fornecimento de energia experimentam grande incremento na ausência de insulina.
A concentração sanguínea de glicose e a secreção de insulina possuem
uma relação de feedback. Quando a glicemia aumenta, a secreção de insulina
aumenta rapidamente. O glucagon exerce várias funções opostas às da insulina.
A mais importante delas é seu efeito de aumentar a concentração sanguínea
de glicose. A injeção de glucagon purificado num animal produz intenso
efeito hiperglicêmico. Os dois principais efeitos do glucagon sobre o metabolismo
da glicose são a decomposição do glicogênio hepático (glicogenólise)
e o aumento da gliconeogênese. O aumento da glicose sanguínea inibe a
secreção de glucagon.
Em pessoas normais, a concentração sanguínea de glicose é mantida
dentro de limites muito estreitos, em geral na faixa de 80 a 90 mg/dl de
sangue quando em jejum podendo chegar a 140 mg/dl após uma refeição. O fígado
funciona como um importante sistema tampão para a glicose sanguínea.
Alguém poderia perguntar por que é tão importante a manutenção da constância
da concentração sanguínea de glicose, especialmente pelo fato de muitos
tecidos poderem passar a utilizar lipídios e proteínas para fins energéticos
na ausência de glicose? A resposta é que a glicose é o único nutriente
que pode normalmente ser utilizado pelo cérebro, pela retina e pelo epitélio
germinativo das gônadas em quantidade adequada para supri-los da energia
de que necessitam.
O diabetes melito decorre da diminuição da secreção de insulina pelas
células beta das ilhotas de Langerhans. A hereditariedade dá geralmente uma
contribuição importante para o diabetes. Ela faz aumentar a suscetibilidade
das células beta aos vírus ou favorecendo o desenvolvimento de anticorpos
auto-imunes contra as células beta e, em outros casos, parece haver uma
simples tendência hereditária para a degeneração das células beta.
A obesidade também contribui para o desenvolvimento do diabetes. A
teoria do tratamento do diabetes se baseia na administração de insulina suficiente
para possibilitar que o metabolismo de carboidratos, lipídios e
proteínas fique tão próximo do normal quanto possível. Os pacientes diabéticos
têm tendência extremamente forte ao desenvolvimento de aterosclerose,
cardiopatia coronária grave e múltiplas lesões microcirculatórias.
5 – Hormônio Paratireóideo, Calcitonina, Metabolismo do Cálcio e Fosfato,
Vitamina D, Ossos e Dentes
A fisiologia dos hormônios paratireóideo e calcitonina está estreitamente
relacionada ao metabolismo do cálcio e do fosfato, às funções da vitamina
D e à formação dos dentes e ossos. As principais fontes de cálcio na
dieta são o leite e seus derivados, que também são grandes fontes de fosfato.
O fosfato também está presente em muitos outros alimentos como as carnes.
O cálcio é mal absorvido pelo tubo intestinal e o fosfato, na maioria
das vezes, é bem absorvido. A vitamina D exerce potente efeito no aumento
da absorção de cálcio pelo tubo intestinal e também tem efeitos importantestanto
sobre a deposição óssea como sobre a reabsorção óssea. Quando a
concentração de íons cálcio no líquido extracelular cai abaixo do normal, o
sistema nervoso vai-se tornando progressivamente mais excitável, em razão
da maior permeabilidade da membrana neuronal.
A hipocalcemia, por conseguinte, causa tetania. Quando o nível de
cálcio nos líquidos corporais se eleva acima do normal, o sistema nervoso
fica deprimido e as suas atividades reflexas tornam-se lentas. O osso é
composto por uma resistente matriz orgânica que é muito fortalecida por depósitos
de sais de cálcio. O osso está sendo continuamente depositado pelos
osteoblastos e continuamente absorvido pelos osteoclastos. A fratura de um
osso ativa ao máximo todos os osteoblastos periósteos e intra-ósseos envolvidos
na ruptura.
Normalmente, há quatro glândulas paratireóideas no ser humano, elas
estão localizadas atrás da glândula tireóide. Há muitos anos se sabe que o
aumento da atividade da glândula paratireóidea causa uma rápida absorção
dos sais de cálcio presentes nos ossos, acarretando aumento da concentração
de cálcio no líquido extracelular; inversamente, a hipofunção das glândulas
paratireóideas causa hipocalcemia, frequentemente acompanhada de tetania.
Além disso, o hormônio paratireóideo é importante tanto para o metabolismo
do cálcio como para o do fosfato.
A calcitonina, secretada pela glândula tireóide, diminui a concentração
sanguínea de íons cálcio. Quando as glândulas paratireóides não secretam
o hormônio paratireóideo em quantidade suficiente, os osteoclastos tornam-
se quase totalmente inativos. Como consequência, a reabsorção óssea diminui
tanto que o nível de cálcio nos líquidos corporais fica reduzido.
O tratamento é feito com paratormônio, vitamina D e cálcio. O raquitismo
ocorre principalmente em crianças, como resultado da defici6encia de
cálcio ou de fosfato no líquido extracelular. Ordinariamente, entretanto, o
raquitismo não se deve à carência de cálcio ou fosfato na dieta, mas sim à
deficiência de vitamina D. A osteoporose é a mais comum de todas as doenças
ósseas em adultos, especialmente na velhice.
Entre as causas mais comuns de osteoporose encontram-se a desnutrição,
a deficiência pós-menopausa da secreção de estrogênios e a idade avançada.
As duas anormalidades dentárias mais comuns são a cárie e a má oclusão.
A palavra cárie designa uma erosão dos dentes, ao passo que a expressão
má oclusão significa que as projeções dos dentes superiores e inferiores
não se interdigitam de modo adequado.
Há consenso geral por parte dos pesquisadores de que a cárie dentária
decorre da ação, sobre os dentes, de bactérias, das quais a mais comum é o
Streptococcus mutans.Contudo, essas bactérias dependem muito dos carboidratos
para sua nutrição. Os ácidos são os principais responsáveis pela formação
das cáries.
6 – Funções Reprodutivas Masculinas. Os Hormônios Sexuais Masculinos e a
Glândula Pineal
As funções reprodutivas masculinas podem ser divididas em três subníveis:
a espermatogênese, o ato sexual masculino e a regulação das funções
sexuais masculinas por diversos hormônios. A espermatogênese ocorre em todos
os túbulos seminíferos durante a vida sexual ativa, como consequência
da estimulação pelos hormônios gonadotrópicos da hipófise anterior.
A espermatogênese começa por volta dos 13 anos e continua pelo resto
da vida. Os túbulos seminíferos contêm grande número de células epiteliais
germinativas denominadas espermatogônias. Uma parte delas se diferencia
para formar os espermatozóides. Após sua formação nos túbulos seminíferos,
os espermatozóides passam para o epidídimo. Uma pequena quantidade de espermatozóides
pode ser armazenada no epidídimo, mas a maior parte deles
fica no canal deferente. As vesículas seminais são glândulas secretoras de
material mucóide contendo muita frutose, ácido cítrico e outros nutrientes.
Durante o processo da ejaculação, cada vesícula seminal lança seu
conteúdo no ducto ejaculatóriologo após o canal deferente ter aí expelido
os espermatozóides. Isso aumenta muito o volume do sêmen ejaculado. A glândula
prostática secreta um líquido importante para a fertilização eficaz do
óvulo. É provável que o líquido prostático neutralize a acidez dos outros
líquidos após a ejaculação.
O sêmen, que é ejaculado durante o ato sexual masculino, é constituído
pelos líquidos oriundos do canal deferente, das vesículas seminais, da
próstata e das glândulas mucosas, especialmente as glândulas bulbouretrais.
Ao ser expelido do folículo ovariano para a cavidade abdominal e para as
tubas uterinas, o óvulo traz consigo múltiplas camadas de células.
Antes de poder fertilizar o óvulo, o espermatozóide deve, primeiro,
atravessar a camada de células da granulosa e, depois, penetrar no espesso
revestimento do óvulo propriamente dito, a zona pelúcida. O acrossomo do
espermatozóide libera, então, a enzima hialuronidase que abre espaço entre
as células da granulosa de modo que o espermatozóide possa chegar até o
óvulo. Os mais importantes sinais nervosos para desencadear o ato sexual
masculino originam-se na glande, pois ela contém um sistema altamente organizado
de órgãos terminais sensitivos, que transmitem para o sistema nervoso
central um tipo um tipo especial de sensação denominado sensação sexual.
A ação massageadora do ato sexual sobre a glande estimula os órgãos
terminais sensitivos, enquanto os sinais sexuais, por sua vez, transitam
pelo nervo pudendo, e daí para a porção sacra da medula espinhal, por meio
do plexo sacro, subindo, por fim, pela medula, até áreas não determinadas
do cérebro. Os impulsos também podem chegar à medula espinhal a partir de
áreas adjacentes ao pênis para auxiliar na estimulação do ato sexual.
A estimulação do escroto e das estruturas perineais, por exemplo,
pode enviar à medula impulsos que aumentam a sensação sexual. Estímulos
psíquicos apropriados podem aumentar muito a capacidade de realização do
ato sexual de uma pessoa. O simples fato de um homem ter pensamentos sexuais,
ou até mesmo sonhar que o ato sexual está sendo realizado, pode fazer
com que o ato ocorra e culmine na ejaculação. Entretanto, o cérebro não é
estritamente necessário para a realização do ato sexual. A medula através
de mecanismos reflexos próprios integrados é suficiente para a realização
do ato sexual. A ereção é a primeira consequência da estimulação sexual
masculina. Ela ocorre através dos nervos parassimpáticos.
Os sinais parassimpáticos dilatam as artérias do pênis, assim permitindo
que o sangue arterial flua com alta pressão para o tecido erétil do
pênis. A ejaculação é uma função nervosa simpática. Quando o estímulo sexual
se torna extremamente intenso, os centros reflexos da medula espinhal
começam a emitir impulsos simpáticos, que deixam a medula através de L1 e
L2 e chegam aos órgãos genitais. Os testículos secretam vários hormônios
sexuais masculinos, que são coletivamente denominados androgênios.
O mais significativo é a testosterona, responsável pelos efeitos hormonais
masculinos. A testosterona é formada pelas células intersticiais de
Leydig, situada nos interstícios entre os túbulos seminíferos. Em geral, a
testosterona é responsável pelas características distintivas do corpo masculino.
Os testículos geralmente descem para o escroto durante os últimos
dois ou três meses de gravidez, quando estão secretando quantidade adequada
de testosterona.
Quando uma criança do sexo masculino nasce com testículos que não
desceram, a administração de testosterona frequentemente faz que isso ocorra
da maneira habitual, desde que os canais inguinais sejam suficientemente
largos para permitir a passagem dos testículos. A testosterona possui efeitos
sobre a distribuição dos pelos corporais, sobre a calvície, sobre a
voz, sobre a pele, sobre a formação de proteínas e o desenvolvimento muscular,
sobre o crescimento ósseo e sobre as hemácias.
A glândula hipófise anterior secreta dois hormônios gonadotrópicos
principais: o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante
(LH). Ambos desempenham papéis importantes no controle da função sexual
masculina. O LH estimula as células intersticiais de Leydig a produzirem
testosterona. A gonadotrofina coriônica, produzida pela placenta, estimula
a formação de células de Leydig durante a gestação. A conversão das espermatogônias
em espermatócitos nos túbulos seminíferos é estimulada pelo FSH.
A regulação da secreção hipofisária de LH e FSH é feita pelo hipotálamo
através do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH).
O câncer de próstata é uma causa comum de morte, sendo responsável
por 2 a 3% de todas as mortes de indivíduos masculinos. Uma vez instalado
um câncer de próstata, as células cancerosas são geralmente estimuladas
pela testosterona, sendo inibidas pela retirada dos testículos. Usualmente,
o câncer prostático também pode ser inibido pela administração de estrogênios.
A glândula pineal inibe a puberdade precoce e está relacionada com o
controle da fertilidade sazonal em alguns animais. Em seres humanos, entretanto,
nada está comprovado.
7 – Fisiologia Feminina Antes da Gravidez e os Hormônios Femininos
Nos meados de cada ciclo mensal, um único óvulo é expelido para a cavidade
abdominal por um folículo ovariano. Esse óvulo segue, então, até o
útero passando por uma das tubas uterinas e, caso tenha sido fertilizado
por um espermatozóide, implanta-se no útero, onde se transforma num feto,
com placenta e membranas fetais. À época da puberdade, os dois ovários contêm
300.000 a 400.000 óvulos. Cada óvulo é circundado por uma camada única
de células e é denominado folículo primordial.
Durante todo o período reprodutivo da mulher, apenas cerca de 400
desses folículos se desenvolvem o suficiente para expelir seus óvulos, enquanto
os demais se degeneram. À época do final do período reprodutivo, que
é denominado menopausa, apenas alguns folículos primordiais permanecem nos
ovários e degeneram-se logo depois. No sistema hormonal feminino, o hipotálamo
produz o hormônio liberador de gonadotropinas que estimulam a hipófise
anterior a produzir o hormônio folículo-estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante
(LH).
Os hormônios ovarianos estrogênio e progesterona são produzidos em
resposta aos dois hormônios liberados pela hipófise anterior. A duração do
ciclo menstrual é, em média, de 28 dias. O início dos ciclos sexuais mensais
ocorre entre os 11 e 15 anos de idade; esse início é denominado menarca
e esse período da vida das meninas é chamado de puberdade.
No início de cada mês do ciclo sexual feminino, imediatamente após a
menstruação, as concentrações dos hormônios hipofisários FSH e LH aumentam.
Na mulher que apresenta um ciclo sexual normal, a ovulação ocorre 14 dias
após o início da menstruação. Aproximadamente dois dias antes da ovulação a
secreção de LH pela hipófise anterior aumenta acentuadamente elevando-se de
6 a 10 vezes. Simultaneamente, o FSH aumenta cerca de duas vezes. A massa
de células da granulosa que permanece no ovário no local da ruptura do folículo
transforma-se no corpo lúteo.
Ele então secreta grandes quantidades de progesterona e estrogênio,
principalmente progesterona. Após vários dias da fase lútea do ciclo ovariano,
a grande quantidade de estrogênio e progesterona secretada pelo corpo
lúteo causa efeito de feedback sobre o hipotálamo, reduzindo a secreção de
LH e FSH. Segue-se então um novo ciclo ovariano. Os estrógenos e as progestinas
constituem os dois tipos de hormônios sexuais ovarianos.
Sem dúvida, o mais importante dos estrógenos é o estradiol, e a progestina
mais importante é a progesterona. Os estrógenos promovem principalmente
a proliferação e o crescimento de células corporais especificamente
ligadas ao sexo, sendo responsáveis pelo desenvolvimento da maioria das características
sexuais secundárias femininas. Por outro lado, as progestinas
destinam-se quase totalmente à preparação final do útero para a gravidez e
das mamas para a amamentação.
8 – Gravidez e Amamentação
Quando ocorre a ovulação, o óvulo é expelido diretamente para a cavidade
peritoneal e entra numa das tubas uterinas. A fertilização do óvulo
ocorre normalmente logo depois que ele penetra na tuba uterina. Em seguida,
são normalmente necessários três a quatro dias para que o ovo seja transportado
ao longo da tuba até a cavidade do útero. Esse demorado transporte
pela tuba uterina permite que ele passe por várias etapas de divisão,
transformando-se em mórula e blastocisto logo após a chegada ao útero.
Após chegar ao útero, a mórula e, depois, o blastocisto em desenvolvimento
permanecem na cavidade uterina por mais dois a cinco dias antes de
ocorrer a implantação no endométrio, o que significa que a implantação se
dá normalmente no sétimo ou oitavo dia após a ovulação. A implantação decorre
da ação das células trofoblásticas que se desenvolvem na superfície
do blastocisto.
Após ocorrer a implantação, as células trofoblásticas e as células
blastocísticas subjacentes proliferam rapidamente; juntamente com células
do endométrio materno, elas formam a placenta e as diversas membranas próprias
da gravidez. A principal função da placenta é a de possibilitar a difusão
de substâncias alimentares do sangue da mãe para o do feto e a difusão
dos produtos de excreção do feto para a mãe.
A placenta também realiza o transporte de oxigênio da mãe para o feto
e de dióxido de carbono do feto para a mãe. Na gravidez, a placenta forma
grande quantidade de gonadotrofina coriônica humana, estrogênios, progesterona
e somatomamotropina coriônica humana. A gonadotrofina coriônica humana
provoca a persistência do corpo lúteo e o impedimento da menstruação.
A presença no útero de um feto em crescimento significa para a mãe
uma carga fisiológica extra, e grande parte da resposta materna à gravidez,
como o aumento do peso corporal, decorre desse aumento de carga. Entre os
efeitos especiais incluem-se o aumento do débito cardíaco devido ao aumento
do fluxo sanguíneo através da placenta, o aumento do fluxo sanguíneo da mãe
e a presença do líquido amniótico.
Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia: A pré-eclâmpsia ocorre nos últimos quatro
meses da gravidez e está associada à hipertensão, proteinúria e edema. A
eclâmpsia é bem mais grave que a pré-eclâmpsia, caracterizando-se por extrema
espasticidade vascular em todo o corpo, convulsões clônicas seguidas
de coma, grande diminuição do débito renal, mau funcionamento do fígado,
frequentemente hipertensão extrema e um estado tóxico generalizado do corpo.
Ocorre em geral pouco antes do parto. Sem tratamento, uma porcentagem
muito alta das pacientes eclâmpticas vem a falecer. Entretanto, com o uso
adequado e imediato de substâncias vasodilatadoras de ação rápida para normalizar
a pressão arterial, seguido de interrupção imediata da gravidez –
por operação cesariana, se necessário – a mortalidade foi reduzida para 1%
ou menos.
Parto: O aumento da contratilidade uterina próximo ao termo pode ser
explicado por alterações hormonais progressivas que causam maior excitabilidade
da musculatura uterina e, segundo, alterações mecânicas progressivas
causadas pelo aumento do bebê. O principal hormônio responsável pelo aumento
das contrações uterinas é a ocitocina, produzida pela hipófise posterior.
Durante a maior parte da gravidez, o útero apresenta episódios periódicos
de contrações rítmicas fracas e lentas, denominadas contrações de
Braxton Hicks. Essas contrações tornam-se cada vez mais fortes no período
que antecede o parto e durante o parto.
O trabalho de parto é dividido em três períodos: período de dilatação,
período expulsivo e período de dequitação ou secundamento. Durante as
primeiras quatro a cinco semanas que se seguem ao parto, o útero involui.
Nesse período de involução são produzidos os lóquios, corrimento vaginal
inicialmente sanguinolento e depois seroso, que persiste por cerca de uma
semana e meia. O hormônio prolactina estimula o início da lactação.
A ocitocina estimula a descida do leite através de estímulos neurogênicos
que terminam por provocar a contração das células mioepiteliais que
circundam as paredes externas dos alvéolos.

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